segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ó NOITE



Encosta, ó noite aveludada de ânsias,
Tua cabeça humanamente moribunda
Em minha espádua singela por ti,
Nesta noite que só tu és:
De breu, nódoas passadas, jazigos
Abertos ao refletido mar, romances
Incompletos e de silenciosa anistia
Às desventuras maldormidas.

Faz-se assim, noite medieval,
Faz-se vir a mim, de propósito
E no propósito do arrebol
Pintado às mãos angelicais.
Vem até mim e põe término a esta
Estória diurna (não comovente)
E de migalhas convalescentes.

Petrificai, peja noite, reminiscências suas
Nas minhas edificações rústicas, sem exceções
Dos olhos lacrimosos por cores estrangeiras,
Ao modo europeu; por vidas de tanta
Veemência, que lânguidas se desmaiam;
Por sinas de aventureiros.

Vem noite!
Esfacela-se, de toda, ao meu chão
De viços teus,
Às minhas teses e conclusões.

Sejas minha cartomante e me revele
Por que choras tu, sonolenta vaidosa:
”Choro por aqui, ah sim, pois, se não sabes,
Meu fim é intrínseco ao porvir.
Espere o canto do galo de ornamentadas cristas
E assim, aos montes, irei esvair”
Amanhecerei sem ti.
Anderson Costa

Um comentário:

  1. ”Choro por aqui, ah sim, pois, se não sabes,
    Meu fim é intrínseco ao porvir"
    AMEI!!!parabens

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